- Estou David?
- Sim, quem fala?
- Bem, eu sou a Inês.
- Não conheço nenhuma Inês.
- Sou amiga da Bia.
-A… A Bia que eu conheci hoje? – disse ele com alguma felcidade.
- Sim, essa mesma.
- Então ainda bem que me ligas-te. Podes me dar o numero dela sff? – A Inês ficou
triste com isto que o David lhe disse. Ela não estava a espera de uma nega tão
grande.
-Hum…Bem…Ela está aqui a minha beira, vou lhe passar. – E passa-me o telemóvel.
-Olá. – disse eu. Eu por um lado estava feliz mas por outro não queria magoar a Inês.
-Olá Bia. Então, chegas-te bem a casa? Já estas melhor?
- Sim, já estou pronta para outra. – disse eu, soltando um pequeno riso em seguida.
-Não brinques com coisas sérias. E por falar em coisas sérias, amanha eu tenho
treino as 10 e acaba por olta do meio dia, estava a pensar se não querias ir até ao
Seixal e depois íamos almoçar a beira da praia. Que me dizes? – Eu queria dizer
naquele exacto momento que sim, queria dizer que era o que eu mais queria no mundo,
mas, a Inês quando ouviu isto saiu do meu quarto, eu sabia que ela ia chorar, ela é
como eu, não gosta de chorar á frente de pessoas. Tenho de escolher, mas quem
escolho? Uma melhor amiga de uma vida ou a pessoa de quem estou a começar a gostar?
Escolho o amor ou a amizade?
Eu não vou magoar a Inês como no passado aconteceu com o Rodrigo, a amizade dela é o mais importante na minha vida.
-Bia? Não respondes? – disse o David.
-Desculpa, estava distraída. Desculpa mas não vai dar. – disse eu triste e
envergonhada.
-Oh, na boa. Fica para depois de amanha. - disse ele contente mas eu iria de ter de
estragar essa felicidade por muito que me custasse.
-Acho que não percebes-te, não vai dar nem hoje nem amanha nem nunca David. Desculpa.
E desliguei a chamada. Custou-me tanto fazer aquilo, só me apetecia chorar mas não o iria fazer, não o ia fazer porque a Inês é o mais importante e ela precisa de mim
neste momento.
Sai do quarto e dirigi-me á casa de banho onde estava a Inês.
- Irmã? Abre a porta.
- O que é que disseste? – Ela mostrou uma certa felicidade na voz, sim, eu raramente
lhe chamava irmã, não era porque ela não o fosse para mim mas porque eu não era
pessoa de demonstrar os sentimentos.
- Chamei-te aquilo que significas para mim, - sentei-me encostada a porta mas do lado de fora e continuei a falar – Inês, eu adoro-te, sei que não te digo isto
muitas vezes mas o que interessa é o sentimento e digo-te não existe nenhum
sentimento capaz de expressar o que eu sinto por ti, nenhum tem essa força, essa
harmonia ou esse significado. E é por isso que eu disse ao David que não ia sair com
ele nunca, porque eu quero que sejamos as duas felizes e lembras-te da promessa que
fizemos a cerca de um mês quando … - as lágrimas começaram-me a cair pois ia falar
de uma coisa que ainda me magoava imenso - … quando o meu pai morreu? Prometemos estar sempre juntas e não deixar que nada nem ninguém destrua esta amizade tão linda
e mágica e sentida como a nossa é.
Levantei-me e limpei os olhos, mas, as lágrimas não paravam de cair. Não choro nunca
á frente de pessoas, mas era só a Inês, com ela não tinha segredo nenhuns e não tinha medo ou receio de mostrar quem eu era realmente, com ela eu era eu própria como não era com mais ninguém.
Ela saiu da casa de banho e abraçamo-nos, era uma abraço sincero, um abraço que representava uma amizade muito longa e sem fim á vista.
- Nem acredito que deste uma tampa ao David Luiz por minha causa.
-Tu és muito mais importante que ele, tu és a coisa mais importante da minha vida e eu amo-te.
-Bia? Tu estás bem? – disse a Inês espantada.
-Sim, eu estou muito bem.
- Nunca me disseste que me amavas.
-Há sempre uma primeira vez para tudo.
Voltamos a abraçarmo-nos e a Inês sussurrou-me ao ouvido:
-Eu tanto te amo irmã.
Eu dei um pequeno riso.
Não queria que aquele momento acabasse, não queria separar-me dela, mas ouvi a minha mãe a abrir a porta e fomos ao encontro dela.
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