Abri os olhos, doía-me um pouco a cabeça e senti-a o meu estômago a "andar ás voltas", não me lembrava do que me tinha acontecido. Olhei para o lado e não estava mais ninguém a não ser um senhor de certa idade, estava virado de costas e não o reconheci. Quando ele se virou, vi quem era, era o doutor Bento Leitão e foi nessa altura que me lembrei do que se tinha passado. Depois de me ter apercebido que era o David Luiz que estava ao meu lado devo ter desmaiado ou coisa assim , porque depois de isso não me conseguia lembrar de nada mais.
O Doutor virou-se e dirigiu-se a mim.
- Então, como se sente?
-Eu? Eu sinto-me um pouco tonta, dói-me um pouco a cabeça e sinto o meu estômago a andar ás voltas.
-Pois, é normal. A menina esteve desmaiada quase 1 hora. Se não fosse o David a agarra-la podia ter dito bem pior.
- Doutor, posso perguntar-lhe uma coisa?
-Sim, claro que pode.
-O David que o senhor referiu era o David Luiz não era? Ou eu apenhas sonhei com isso.
Ele riu-se, não sei se com a minha pergunta ou com a minha ignorância.
-Sim, era o David Luiz que estava aqui e por falar nele, ele deixou-lhe um recado. Pediu para eu lhe dizer que pede imensas desculpas por quase a ter atroplado e pede também imensas desculpas por não puder estar aqui até acordar, mas ele e o Ruben tiveram de ir pois tinham treino e já estavam bastantes atrasados.
-Ok, obrigada doutor. – Disse eu, mas as palavras custaram a sair. Ainda não acreditava, o meu maior ídolo tinha-me pedido imensas desculpas.
- Doutor, desculpe estar a incomoda-lo outra vez, mas não sabe onde o posso encontrar? Era só mesmo para lhe dizer obrigada.
-Sim, sei. Eles hoje treinam aqui no estádio, quer dizer o treino deve estar mesmo a acabar. Mas se a menina for já pode ser que ainda o apanhe.
-Obrigada. Sendo assim, posso ir?
-Mas tem a certeza que se sente melhor?
-Sim, sinto.
-Então, sendo assim pode ir.
-Obrigada doutor, obrigada por tudo mesmo.
Ambos sorrimos e eu saí da sala. Eu conhecia mais ou menos o estádio, de ir ver os jogos tanto de futebol como os da Inês de voleibol. Por falar na Inês, ela deve estar á minha espera á muito tempo e ela detesta esperar, mas, eu tinha de ir a correr para o relvado senão já não apanhava o David e tinha de lhe agradecer por tudo o que fez por mim. Eram só mais 5 minutos, a Inês não se devia importar muito.
Assim sendo, dirigi-me para a porta de saída do relvado e fiquei mesmo desiludida quando lá cheguei, porque já não estava lá ninguém, nem um único ser lá estava.
Quando me ia a virar para vir embora senti uma mão nas minhas costas, era uma mão grande mas suave. Assustei-me e dei um salto.
- Não precisa de se assustar. – disse uma voz, era ele, eu tinha a certeza que era ele. Virei-me e ficamos frente a frente, era mesmo ele.
- Não me assustei, apenas não estava a espera que aparecesses assim de repente.
- Não estava á minha espera?
- Eu?
- Sim, voçê.
- Não, quer dizer sim, quer dizer mais ou menos.
- Em que ficamos? – Disse ele esboçando um largo sorriso.
- Só te queria agradecer por me teres ajudado.
- Agradecê?
- Sim.
- Mas fui eu quem machocou coçê, não teria ficado mal se eu não lhe tivesse batido com o carro.
- Isso foi um acidente e como podes ver eu estou bem. – Disse eu, enquanto dava uma volta. Rimo-nos em conjunto.
- Mas não me chegou a dizer o que vinhas fazer aqui ao estádio.
- Vinha ter com a minha melhor amiga, a Inês, ela joga voleibol e teve treino, que por falar nisso já acabou á muito tempo e ela já se deve estar a passar de estar a tanto tempo a espera.
- Pois, eu também tenho o Rúben a minha espera.
-Bem, assim sendo, Obrigada e até um dia.
-Sim, depois combina-mos um café ou assim.
- Depois vemos isso. Adeus.
-Adeus.
Antes de cada um ir para seu lado, ainda nos olhamos directamente, um olhar forte e sincero.
Corri para ir ter com a Inês, quando lá cheguei ela estava com uma cara que metia medo ao susto.
- Olá Irmã. – Disse eu sorrindo para ver se ela me desculpava.
- Olá. Bia, eu estou á quase duas horas á tua espera, duas horas, sabes o que é isso?
-Eu sei e peço imensa desculpa.
- Só desculpo se me pagares o jantar.
- Combinado. – Rimo-nos as duas.
- Então vamos embora que estou cheia de fome. Ainda sabes onde tens a mota?
- Claro que sei Inês.
- Nunca se sabe. – Disse ela rindo-se, como era habitual nela.
Dirigimo-nos em direcção á mota. O carro do David ainda lá estava, o que significava que ele ainda não tinha ido embora.
Subimos para a mota, colocamos os capacetes e eu pôs a mota a trabalhar.
Quando ir a passar pela porta do estádio, tive de parar pois estava uma fila enorme. Nesse momento sai o David e o Rúben de dentro do estádio e a Inês, diz-me baixinho ao ouvido:
- Irmã, olha ali o David Luiz, o teu ídolo.
Eu não lhe respondi e nem sequer olhei para o local onde eles estavam.
Até que de repente vejo eles já quase ao meu lado. Nesse momento só desejava que a fila andasse, mas ela não andou.
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