terça-feira, 18 de janeiro de 2011

6º Capitulo - "Beijo"

- Olá mãe. – Disse eu dando-lhe um beijo.

- Olá D. Fernanda. – Disse a Inês dando-lhe também um beijo.

-Olá meninas. Como correu o vosso dia?

-Bem. – Respondemos as duas ao mesmo tempo, olhando em seguida uma para a outra em rimo-nos. A minha mãe não percebeu nada mas também não perguntou.

-Meninas, eu tenho um novo cliente e ele amanha de manha vem cá.

-Mas mãe amanha é sábado.

- Eu sei filha, mas é muito importante e eu marquei para o sábado mas não se preocupem que ele só vem por volta das 11h.

-Ah, sendo assim na boa mãe.

Rimo-nos as três.

Depois subimos para cima e fomo-nos deitar.

De manha, eu e a Inês acordamos por volta das 10:30 e descemos para tomar o pequeno-almoço. A minha mãe já encontrava acordada e vestida, há espera do tal cliente.

Tocam a campainha.

-Filha, podes abrir e pedir-lhe para esperar um bocadinho?

-Mas mãe, eu estou de pijama?

-Oh, não te preocupes filha.

Eu estava com uns calções mesmo curtinhos e com uma camisola decotada e curta de pijama.

Dirigi-me a porta e abri-a.

-David?

-Bia?

-O que estás a fazer em minha casa?

-Eu vim reunir com a D. Fernanda, minha advogada.

- Com a minha mãe? – disse eu olhando com uma cara de completo espanto para ele.

- Bem, se ela é tua mãe ou não, não sei, só sei que é minha advogada. Mas ainda bem que aqui estás. Nós precisamos de falar.

Eu sabia do que ele queria falar mas não tinha coragem de lhe falar. Ia-lhe a fechar a porta na cara mas ele interrompeu esse movimento, pondo-se entre a porta e a parede e como é lógico ele tem mais força do que eu e empurrou a porta com força para trás, mas sem me acertar com a mesma.

- Não temos nada para falar. Magoas-te-me, depois ajudaste-me e depois eu agradeci.

Não há mais nada para dizermos um ao outro.

Custou-me dizer aquilo e vi que ele também não gostou. O David começava a ser especial mas não me podia esquecer da Inês, ela era a minha melhor amiga.

-Bom dia, estou a ver que já conhece a minha filha. – disse a minha mãe, aarecendo atrás de mim, impedindo-me de continuar com os meus pensamentos.

-Sim, conhecemo-nos ontem.

-Bem, vamos para o escritório sim?

-Não.

-Não? – a minha mãe ficou perplexa a olhar para o David, mas continuou. – não? Como assim?

- Desculpe doutora, sei que fez um enorme sacrifício para me receber a um sábado e ainda por cima em sua casa mas, eu acredito no destino e eu hoje tive um sinal do destino, por isso peço-lhe desculpa pelo que vou fazer e quando voltar explico-lhe tufo – nesse momento vira-se para mim e diz – tu vens comigo agora, quer queiras quer não.

Agarra-me pelo braço e leva-me até ao seu carro, mesmo carro que no dia anterior quase me atropelara.

Ele sentou-me no lugar de acompanhante, colocou-me o cinto, fechou a porta e dirigiu-se para o seu banco fazendo o mesmo que em tivera feito antes.

Eu não conseguia reagir, não conseguia dizer para ele me deixar sair, se calhar eu queria estar ali com ele. Mas será que isso era o mais correto?

Quando dou por mim estou em frente a uma praia, ela estava deserta. O David para o carro e sai do mesmo. Chega a minha beira, abre a porta , desaperta o cinto e agarra.me muito suavemente na mão e leva-me para fora.

Sentamo-nos na areia.

-Eu estou de pijama.

-Não tem problema, é linda de qualquer maneira.

Corei.

-Obrigada. David, porque me trouxeste aqui?

- Não sei, desde ontem que não paro de pensar em ti e quando te vi hoje de manha em cada da doutora Fernanda fiquei ainda mais confuso. Não percebo porque falas-te assim comigo ao telefone. – parou. Notava-se tristeza na voz.

-Falei assim contigo porque a Inês está interessada em ti e ela é a minha melhor amiga.

-E o que tu queres não conta?

- Conta, mas em primeiro ligar está ela.

David levantou-se e puxou-me consigo para cima. Encostou-me ao peito dele e disse-me ao ouvido:

-Eu nunca fiz isto em toda a minha vida. Nunca beijei uma rapariga passado um dia de a conhecer mas parece que isso vai mudar. – Quando ouvi isto, gelei, tudo em mim parou. Não podia ser verdade. O que se estava a passar? Como tudo tinha mudado?

Não respondi, olhei para o mar, estava o pôr-se o sol sobre o mar, era uma imagem que não se via todos os dias, algo único. Quando olho de novo para David, ele aproxima a cara dele da minha e beijamo-nos. Sim, beijamo-nos assim, ao pôr-do-sol, uma imagem mesmo a filme mas que neste momento me estava a acontecer a mim, e eu não queria parar o beijo, sabia que tinha de o parar, mas não queria. Sentia-me bem, sentia-me segura e confiante, sentia-me como se estivesse a vaguear no estremo vazio do longo horizonte, minha cabeça estava na lua e meu coração em mercúrio, mas quente que o lume a arder e do que o sol em Agosto, era assim que ele me fazia sentir, mas eu questionava-me, como é possível sentir tudo isto num único beijo?

Voltei a realidade e parei o beijo. Desviei-me de David, virei-lhe as costas e perguntei a medo:

- Porque?

-Desculpa.

-Porque?

-Era uma coisa que tinha de fazer.

-Tinhas? Por causa disto eu agora vou ter a minha melhor amiga chateada comigo, tu não tens ideia do que foste fazer, eu não quero nada contigo, - comecei a chorar e a berrar-lhe – vai, agora vai já ter com outra, beija outra e leva-a para a cama. É isso que tu queres, é isso que todos querem, eu não sou assim, não vou deixar que me façam isso outra vez, não vou…

Sai dali a correr, o David ficou parado no mesmo sítio. Se calhar foi melhor assim, eu corria pela praia fora até chegar ao metro. Não estava lá ninguém e vi que ainda faltava cerca de 5 minutos para ele chegar. Pôs-me a pensar, eu não ia deixar que me fizessem o mesmo de novo nem ia fazer o mesmo a Inês, ela já me tinha perdoado uma vez sei que não ia perdoar outra. Mas o Tiago, o que o David fez lembrou-me o Tiago, a pessoa que mais odiava e que queria esquecer.

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